segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Es-pe-ran-ça

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Mário Quintana, "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 118.

3 comentários:

Joana Neto disse...

Ui. Vi agora que acabei de publicar mesmo poema que tu. Que engraçado... hihi

Inês disse...

Que giro..não conhecia o poema, mas tenho a sensação que se por acaso o tivesse encontrado noutro sítio que não aqui teria pensado 'A Lila ia gostar disto' :)

Liliana Borges da Costa disse...

já me conheces...